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Olhar como estratégia: nosso caminho rumo à sensibilidade ao design

10/09/2020
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Em abril iniciamos um processo de criação de roteiros para ajudar coordenadores e diretores de escolas a conduzir formações de professores à distância. Foi a primeira estratégia que inventamos para reagir ao pandemônio que paralisou nossos projetos e nos obrigou a rever e transformar os caminhos que estávamos construindo.

Frente ao isolamento social, paramos para imaginar novas formas de apoio à escola com a qual trabalhamos em parceria. Começamos a pensar em algo que pudesse ser realizado com os professores, e que, ao mesmo tempo, fizesse sentido e tivesse potencial para ser experimentado também com os estudantes, da mesma maneira, em formato online e digital.

De lá para cá muitas coisas mudaram no funcionamento das atividades escolares à distância e sentíamos que os roteiros não tinham cumprido sua missão, de serem efetivamente colocados em uso. Ficamos então, mais uma vez, inquietas e pensando em como aproveitar o que tínhamos prototipado: por que não experimentar os roteiros em um ambiente online síncrono, em um percurso rumo à “sensibilidade ao design” com professores de várias escolas, em rede?

Em julho o curso “Olhar como estratégia: práticas pedagógicas para compreender e transformar objetos e sistemas do cotidiano” ganhou nome e tomou forma. Inauguramos esse momento com um webinário aberto em nosso canal do youtube, que continua disponível para todos (clique aqui). Em seguida, recebemos um convite muito especial e tivemos a oportunidade de falar sobre nossas práticas e sobre a proposta do curso para 3188 professores no Canal de Formação Continuada do Centro de Mídias – iniciativa da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (o programa está disponível neste link)

Em quatro aulas, totalizando 6h de duração – e um pouquinho mais na verdade – e cerca de 60 professores instigaram nossa sensibilidade! Depois desta jornada, cada vez mais percebemos e compartilhamos com nossos estudantes – de todas as idades – o quão potente é olhar com atenção e intenção para agirmos no mundo com mais consciência.

Na Aula 1 focamos em Olhar de perto, treinando nosso olhar a ver mais do que o superficial e a ficar curioso sobre o que se vê, que no caso foi o telefone – ou os telefones, já que cada grupo analisou um telefone de uma época diferente. Para isso usamos a Rotina de Pensamento Partes, Propósitos e Complexidades – além de disponibilizar outra, a Vejo, Penso e Pergunto, que usamos no Webinário e no programa do CMSP.

A Aula 2 foi focada em Explorar as complexidades de um sistema, para isso usamos a Rotina de Pensamento Partes, Pessoas e Interações. Depois de olhar um sistema de comunicação, pensamos: O que está por trás dele? Como ele funciona? Quem interage para seu funcionamento? O que acontece se uma parte mudar? Ampliando a atividade, demos vez ao olhar sistêmico.

Depois de olhar com atenção, entender o que se vê e suas complexidades, passamos para o momento de Encontrar Oportunidades para agir: a partir da Rotina de Pensamento Imagine se, repensamos um local de ensino e aprendizagem, tendo como objetivo torná-lo mais participativo, colaborativo, acolhedor e interativo. Os resultados foram apresentados no nosso quarto encontro: torós de ideias que inspiraram a todos e produções coletivas cheias de significado.

Neste último momento, inspirados por Paulo Freire, também refletimos sobre o papel da esperança e da alegria para todos que trabalham na educação, e nos enchemos destas com falas assim sobre o que te faz acordar e ir para escola:

“ Possibilidade de recomeçar e sempre fazer melhor… um melhor que impacta a vida de alguém”

“O que me move são os alunos, seus olhares, suas inquietações, suas esperanças”

“Me transformar e encontrar parceiros para transformar JUNTO”

Fizemos uma autoavaliação sobre como o conteúdo do curso se conectou com cada um, sobre como ampliou seus olhares e possibilidades de novas práticas e como cada educador/professor/coordenador se sentiu desafiado pelas propostas apresentadas, também a partir de uma Rotina de Pensamento (Connect, Extend and Challenge).

“O curso me mostrou a importância do olhar crítico, analisar, entender e transformar”

“Perceber que pessoas com intenções transformadoras estão ao nosso redor”

“Procurar ser ponte”

“Um olhar diferente para as coisas simples”

“Olhar para tudo que é automático ou óbvio e entender quais são as partes essenciais”

“Nesse período de pandemia, senti que as orientações precisam partir de partes para propor algo. Muita vezes, o que parece óbvio, não o é. A rotina organizou meu pensamento”

Recebemos uma convidada especial, a nossa já companheira de tantas empreitadas Julia Andrade, para dividir com a gente um pouco do seu conhecimento sobre avaliação e o uso de Rotinas como processos formativos para tal.

Foi tanta coisa, mas passou rápido!

Foram momentos de aprendizados extremamente importantes: desde a utilização da ferramenta de videoconferência, de como utilizar a enquete, as salas simultâneas, muito trabalho em equipe, tardes de planejamentos, de ouvir as devolutivas dos participantes e mudar tudo porque alguém teve uma ideia enquanto jantava ou antes de dormir.

E foi uma oportunidade incrível de juntar uma equipe catalisadora potente.

Nossos agradecimentos a eles, que toparam estar conosco mediando o curso para possibilitar que participantes pudessem experimentar interagir em grupos menores: Carmen Sforza, Paola Ricci, Julia Andrade e Rui Zanchetta.

Foi o primeiro curso totalmente online que cocriamos e aplicamos e ele não seria nada sem a participação de tanta gente engajada, inspiradora e cheia de alegria e esperança para continuar resistindo contra todos os desafios que a educação – e em especial a educação pública no Brasil – apresenta.

E para finalizar, transcrevemos essa fala de uma professora:

“reconheci meu potencial”

…e uma conclusão “Juntos, somos um caleidoscópio!”

Nos vemos no próximo!